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“Se servistes a Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis e ela, o que costuma”


(Do Padre António Vieira, no "Sermão da Terceira Quarta-Feira da Quaresma", na Capela Real, ano 1669. Lembrado pelo ex-furriel milº Patoleia Mendes, dirigido-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar.).

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"Ó gentes do meu Batalhão, agora é que eu percebi, esta amizade que sinto, foi de vós que a recebi…"

(José Justo)

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“Ninguém desce vivo duma cruz!...”

"Amigo é aquele que na guerra, nos defende duma bala com o seu próprio corpo"

António Lobo Antunes, escritor e ex-combatente

referindo-se aos ex-combatentes da guerra do Ultramar

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Eles,
Fizeram guerra sem saber a quem, morreram nela sem saber por quê..., então, por prémio ao menos se lhes dê, justa memória a projectar no além...

Jaime Umbelino, 2002 – in Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, em Torres Vedras
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“Aos Combatentes que no Entroncamento da vida, encontraram os Caminhos da Pátria”

Frase inscrita no Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar, no Entroncamento.

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Sem fanfarra e sem lenços a acenar, soa a sirene do navio para o regresso à Metrópole. Os que partem não são os mesmos homens de outrora, a guerra tornou-os diferentes…

Pica Sinos, no 30º almoço anual, no Entroncamento, em 2019
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"Tite é uma memória em ruínas, que se vai extinguindo á medida que cada um de nós partir para “outra comissão” e quando isso nos acontecer a todos, seremos, nós e Tite, uma memória que apenas existirá, na melhor das hipóteses, nas páginas da história."

Francisco Silva e Floriano Rodrigues - CCAÇ 2314


Não voltaram todos… com lágrimas que não se veem, com choro que não se ouve… Aqui estamos, em sentido e silenciosos, com Eles, prestando-Lhes a nossa Homenagem.

Ponte de Lima, Monumento aos Heróis da Guerra do Ultramar


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terça-feira, 29 de abril de 2008

Mais um reencontro - do Alf. Antunes do Pelotão Daimler


A seguir o email que me mandou.

Um grande abraço ao Alf. Antunes e já que não vai ao almoço, vá pelo menos falando com a malta através deste blog.


"Olá Amigos
Agradeço o vosso convite, para o almoço/convívio do próximo dia 17 de Maio de 2008. Com muita pena minha, não posso estar presente, por no mesmo dia a minha neta fazer a 1ª comunhão e não perdoar a ausência dos avós, na sua festinha daquele dia. Aproveito esta oportunidade, para enviar um forte abraço para todos vós, com votos sinceros de que passem um dia muito feliz. Ficará para o próximo ano, o nosso reencontro, assim o espero.
O meu email é:
nunesantunes@netcabo.pt
Um grande abraço para todos
Augusto Miguel Nunes Antunes
Ex-Alferes Miliciano do Pel. Rec. Daimler 1131"

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Primeiro de Maio - trabalho do Pica Sinos

Foto da Alameda em 1974.
Breve resenha das origens 1º De Maio – Dia do Trabalhador A origem do 1º de Maio advém da luta dos trabalhadores/as na América do Norte e está ligada à redução da jornada do trabalho. A luta desencadeada pelo operariado no princípio do ano de 1800, nos EUA, pela redução do horário de trabalho para as 10 horas diárias, só obteve êxito legal passados cinquenta anos. Atingido este objectivo verificam-se novos desenvolvimentos da luta do operariado com vista à conquista da jornada de trabalho das oito horas diárias, sendo que no 1º dia de Maio de 1886, em Chicago, os operários/as dão inicio a uma greve geral que contou com a adesão de mais de um milhão de trabalhadores/as. Neste dia centenas de polícias reprimiram os/as grevistas e manifestantes que faziam transportar nas ruas cartazes reivindicativos de apelo à luta. No 4º dia, nesta mesma cidade, na Praça Haymarket, numa grande assembleia, uma bomba explodiu no meio da multidão matando dezenas de pessoas e ferindo centenas. A culpa foi injustamente atribuída a 8 operários. Os líderes do movimento são presos e julgados em 11 de Novembro de 1887. Quatro condenados à morte por enforcamento, os restantes a prisão perpetua. O luto e o descontentamento servem de alavancas para os trabalhadores/as norte-americanos desenvolverem novas jornadas de lutas, obtendo, em 1890, uma grande vitória ao verem no Congresso aprovada a Lei, que consagrou em todo o país, a jornada de oito horas diárias. Por sua vez a justiça, em 1893, reconhece que as provas apresentadas para incriminar os trabalhadores quando em assembleia, na Praça Haymarket foram forjadas. A deflagração da bomba foi da responsabilidade da polícia, mandando libertar os três operários que ainda estavam presos. O 4º tinha posto termo à vida. --------------- Na Europa, com o surgimento das primeiras máquinas, o consequente aparecimento das fábricas, o sistema capitalista, desencadeou elevada e desenfreada exploração dos trabalhadores/as que nelas trabalhavam. Eram comuns jornadas diárias de trabalho de 18 horas, inclusive para mulheres e crianças que auferiam salários inferiores aos dos homens. Ainda que fracos e mal organizados, para obstar tal violência no trabalho e das condições de vida dos trabalhadores/as, influenciados pelas vitorias alcançadas pelos trabalhadores/as norte-americanos/as, começaram, na década de 20, a surgir em toda a Europa, movimentos reivindicativos para a redução das jornadas de trabalho. Incomodado, o patronato recorre-se dos despedimentos. Conivente com os governos, serve-se das forças policiais para: desencadear perseguições aos activistas, invadir as organizações dos trabalhadores, destruir propaganda (a que chamam de “material subversivo”) e prender os líderes dos movimentos operários. Fundamentalmente a partir da década de 20 do século dezanove, sobretudo a partir de 1864, com a criação da Associação Internacional do Trabalho tendo como exemplo a luta desenvolvida pelo operariado do outro lado do mar, a par do desenvolvimento do sindicalismo, os ingleses primeiro, os franceses e os restantes operários/as europeus, surgem mais frequentes as lutas pela conquista das oito horas diárias de trabalho, tendo como consequência, em milhares de fábricas, a redução das jornadas de trabalho. Em 1889, em memória dos trabalhadores vítimas de Chicago, o Congresso Operário Internacional, reunido em Paris, decretou o 1º dia de Maio como feriado. Este dia, para a história, ficou designado com o Dia Internacional dos Trabalhadores. Dia de luto e luta dos trabalhadores/as de todo o Mundo. ------------------------------ Em Portugal, só com as conquistas de Abril, no ano de 1974, é que os trabalhadores/as portugueses/as puderam em liberdade passar a comemorar este dia de luta. Até então, (durante o chamado regime do Estado Novo) quem se manifestasse neste dia por melhores condições de trabalho e de vida era fortemente reprimido/a e preso/a por “alteração à ordem pública”. Na década de 90 conquistar, na Lei, a semana de 40 horas de trabalho com dois de descanso semanal. Raul Pica Sinos Bibliografia Cezar Nogueira – O primeiro de Maio. Esboço histórico das suas origens Enciclopédia Wikipédia Foto 1º Maio 1974 – Movimento Sindical CGTP

Adriano Correia de Oliveira cantava assim...

Pergunto ao vento que passa Notícias do meu país O vento cala a desgraça O vento nada me diz. Mas há sempre uma candeia Dentro da própria desgraça Há sempre alguém que semeia Canções no vento que passa. Mesmo na noite mais triste Em tempo de servidão Há sempre alguém que resiste Há sempre alguém que diz não.

domingo, 27 de abril de 2008

de Manuel da Fonseca, "Os Olhos do Poeta"

Os olhos do poeta O poeta tem olhos de água para reflectirem todas as cores do mundo, e as formas e as proporções exactas, mesmo das coisas que os sábios desconhecem. Em seu olhar estão as distâncias sem mistério que há entre as estrelas, e estão as estrelas luzindo na penumbra dos bairros da miséria, com as silhuetas escuras dos meninos vadios esguedelhados ao vento. Em seu olhar estão as neves eternas dos Himalaias vencidos e as rugas maceradas das mães que perderam os filhos na luta entre as pátrias e o movimento ululante das cidades marítimas onde se falam todas as línguas da terra e o gesto desolado dos homens que voltam ao lar com as mãos vazias e calejadas e a luz do deserto incandescente e trémula, e os gestos dos pólos, brancos, brancos, e a sombra das pálpebras sobre o rosto das noivas que não noivaram e os tesouros dos oceanos desvendados maravilhando com contos-de-fada à hora da infância e os trapos negros das mulheres dos pescadores esvoaçando como bandeiras aflitas e correndo pela costa de mãos jogadas pró mar amaldiçoando a tempestade: - todas as cores, todas as formas do mundo se agitam e gritam nos olhos do poeta. Do seu olhar, que é um farol erguido no alto de um promontório, sai uma estrela voando nas trevas tocando de esperança o coração dos homens de todas as latitudes. E os dias claros, inundados de vida, perdem o brilho nos olhos do poeta que escreve poemas de revolta com tinta de sol na noite de angústia que pesa no mundo. Manuel da Fonseca

Lembram-se da história do velho, da criança e do burro ?...


Texto enviado pela nossa amiga Menta, ela também professora.


Professores....
Se é jovem, não tem experiência;
Se é velho, está ultrapassado.·
Se não tem carro, é um coitado;
Se tem carro, chora de barriga cheia.
Se fala em voz alta, grita;
Se fala em tom normal, ninguém o ouve..
Se nunca falta às aulas, é parvo;
Se falta, é um 'turista'.
Se conversa com outros professores, está a dizer mal do Sistema;
Se não conversa, é um desligado.
Se dá a matéria toda, não tem dó dos alunos;
Se não dá, não prepara os alunos.
Se brinca com a turma, é palhaço;
Se não brinca, é um chato..
Se chama a atenção, é um autoritário;
Se não chama, não se sabe impor.
Se o teste é longo, não dá tempo nenhum;
Se o teste é curto, tira a oportunidade aos alunos bons
Se escreve muito, não explica;
Se explica muito, o caderno não tem nada.
Se fala correctamente, ninguém entende patavina;
Se usa a linguagem do aluno, não tem vocabulário.
Se o aluno reprova, é perseguição;
Se o aluno passa, o professor facilitou.
É verdade, os profs. nunca têm razão...
Mas se conseguiu ler tudo até aqui, agradeça-lhes a eles !!!

sábado, 26 de abril de 2008

Balada da Neve, de Augusto Gil



Foto de Augusto Gil

Dos nossos tempos de crianças, dos livros de então... (enviado pelo meu amigo Rodrigues)

"BALADA DA NEVE

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver.
A neve caía do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria... .
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim,
fica em mim presa.
Cai neve na Natureza .
e cai no meu coração.
Augusto Gil"

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Espólio do Bart 1914 - um trabalho do Pica Sinos.


Meus Amigos

O presente trabalho tem apenas como objectivo dar a conhecer a familiares e aos amigos dois anos da vida de muitos nós na chamada guerra colonial. Os factos relatados, decerto por defeito, estão abertos à discussão. Venham de lá esses comentários.

ESPOLIO DE GUERRA

O BATALHÃO DE ARTILHARIA 1914
(SEM TEMOR)
I
(Constituição e Comando)

A formação das Unidades destinadas a constituir o Batalhão de Artilharia 1914, no objectivo de intervir militarmente na guerra na província ultramarina da Guiné-Bissau, o pessoal mobilizado, com excepção de um pequeno núcleo da região da Estremadura e Ribatejo, era quase todo das regiões das Beiras e Minho.

Desde a constituição até à data da guia de marcha para embarque, 08 de Abril de 1967, a nível dos militares oficiais do quadro e milicianos, a designação para comando das companhias operacionais agrupadas, registou alguns ajustamentos nas nomeações, não sendo pacifica pelo menos uma, pois foi conhecido o propósito de formular uma exposição ao Ministro do Exercito.

Os estágios das manobras do aperfeiçoamento militar tiveram lugar na Serra da Carregueira (Sintra) e no Guincho (Cascais), onde na primeira foram vitimas três soldados por acidente de arma de fogo, vindo a falecer dois em consequência dos ferimentos verificados.

O Aquartelamento do Regimento da Artilharia Costa na Parede foi palco da cerimónia, com missa campal, para a entrega do guião ao Batalhão (Companhia de Comandos e Serviços, Companhias de Artilharia nºs 1690, 1691 e 1692).

A 08 de Abril de 1967, no Cais da Rocha de Conde Óbitos (Lisboa) após as cerimónias da praxe, a Companhia de Comando e Serviços e as Companhias Operacionais de Artilharia 1961 e 1962, embarcam, com destino à Guiné-Bissau, no navio “Uige”. A Companhia Operacional de Artilharia 1690 embarca no navio “Ana Mafalda”.

A 15 de Abril de 1967, na Guiné-Bissau, as Companhias Operacionais, deixam de depender do Batalhão 1914, para sua substituição são designadas as Companhias de Caçadores 1549, 1566, 1567 e a 1587. Ainda os Pelotões de Morteiros 1039 e de Reconhecimento Daimler 1131.
II
(Actividade operacional)

A actividade operacional do Batalhão desenvolveu-se num terreno que não constituiu excepção à generalidade dos terrenos da Guiné-Bissau; cotas bastantes baixas, grandes áreas alagadiças, não só na época das chuvas como em resultado das marés. Grande quantidade de cursos de água. Com excepção de algumas áreas na região de Falacunda não existem grandes matas na região,

Em termos de aglomerados populacionais os mais importantes eram os da Ilha de Bolama, Tite, Bissassema, Fulacunda e Empada.

O IN actuando com grande mobilidade, é conhecedor do terreno com pormenor. Organizado militar, politica e administrativamente em largas zonas territoriais, com o apoio das populações, é forte, aguerrido e dispõe de um potencial de meios igual se não superior aos do Batalhão. Meios esses só desequilibrado graças à actuação da Força Aérea. Paralelamente à luta armada, exerce uma actividade importante no controle das populações e na sua promoção social.

Ás nossas NT geram-se algumas dificuldades na operacionalidade de conjunto pelo facto das Companhias operacionais estarem espalhadas pelo vasto sector operacional. A exemplo; na área de Tite, o Comando do Batalhão está na primeira linha do IN, pois não tem à sua volta quaisquer outras unidades de defesa. Jabadá está a quilómetros, a Companhia em Fulacunda está completamente isolada e as tropas de Empada estão numa situação que apenas lhe permite controlar a povoação e o destacamento de Ualada a cerca de 5 Km. Assim sendo é a região de Tite que oferece mais possibilidades de obter o sucesso não só do ponto vista militar como de controlo e promoção social, laboral, educacional e sanitária das populações, e consequentemente travar ao IN objectivos de flagelação militar às NT e do controle das populações nesta mesma região.

Como resultado das operações militares das NT, estima-se que o IN sofreu cerca de 300 baixas militares e cerca 130 capturados (cerca de 200 mortos e de 100 feridos). Do material capturado destacam-se milhares de munições do tipo variado, minas, dezenas de granadas de mão, uma vintena de armas automáticas de marca e calibre diverso entre outros equipamentos de guerra.

As flagelações do IN ás nossas tropas assim como aos aquartelamentos, foram registadas cerca de 150 baixas militares, três capturados dois desaparecidos (29 mortos, 120 feridos). Os flagelamentos que o IN infligiu aos aquartelamentos das NT das áreas já referidas, foram cerca de 110 flagelações. Sendo que os mais flagelados foras os de Fulacunda, Nova Sintra e Tite.


III
(Louvores e Condecorações)

Pelos serviços prestados à Pátria……Aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando…… ficaram registados no Quadro de Honra do Batalhão todos os camaradas que morreram no espaço operacional da Guiné-Bissau, assim com os dois camaradas Furriéis desaparecidos, um em combate e o outro no Rio Geba. Igualmente os três militares capturados na Operação Bissassema.

Registam-se 49 louvores concedidos pelo Comandante Militar, 48 pelo Comandante do Agrupamento, 200 pelo Comandante do Batalhão e 79 pelo Comandante da Companhia Comandos e Serviços. Num total de 376 Louvores,

Nas Condecorações, com a Cruz de Guerra de 2ª classe, 2 Alferes e 1 Soldado; com a Cruz de Guerra de 3ª classe, 1 Furriel Miliciano; com a Cruz de Guerra de 4ª classe, 1 Cabo e 7 Soldados. Das milícias, com a Cruz de Guerra de 4ª classe, 1 Alferes e 1 Soldado 2 vezes. Com a Medalha de Mérito Militar de 4ª Classe 1 Furriel.


Raul Pica Sinos

25 de Abril - o testemunho do Zé Justo















“ONDE ESTAVAS NO 25 DE ABRIL ?”

Se o Baptista Bastos me fizesse esta sua sacramental pergunta, eu responderia: - A trabalhar...durante uma hora e... a vibrar o resto do dia !!

Recordo ainda hoje esse dia, como se o estivesse a viver agora, neste momento, passados trinta e oito anos.

Eram perto das dez horas da manhã do dia 25 Abril, estava a fazer um esboceto para um folheto de chaves de impacto, já na minha nova sala de desenho, que tinha conquistado e montado numa marquise soalheira do antigo edificio da Ferrária.

Entra o sr. Américo, chefe do escritório, e diz-me com um ar muito sério: - Justo, deixe o seu trabalho e vá para casa !!!
Fiquei estático...fui despedido, pensei !! mas porquê ?...e é assim, sem mais nem menos ? devo ter ficado com um ar de tal forma incrédulo, que ele se apercebeu e disse: - Não há problema consigo, mas fui avisado pelo sr. Jorge (o Big boss) que há um movimento militar nas ruas e estão a apelar pela rádio para as pessoas se recolherem ás suas casas.

Se já estava boquiaberto, ainda fiquei mais...um movimento militar !! em Lisboa ? como é possível ? a Pide vai dar cabo deles todos !!

Lá se encerrou o escritório, saiu todo o pessoal, e os comentários eram os mais diversos: Uma revolução !! deve ser de direita - tinha abortado havia poucos meses a revolta das Caldas - e era quase inimaginável em tão curto espaço de tempo, conseguirem organizar novo movimento insurrécional.

Ao tempo, morava em S. Maméde, a menos de cinco minutos de carro do Largo do Carmo, e para casa me dirigi, sem notar nada de anormal, tanto nas ruas, como nas pessoas.

Liguei a televisão e o rádio pois apercebi-me que o caso era muito sério, e com os relatos permanentes e até as pausas de emissão acompanhadas de música marcial me ponham cada vez mais inquieto.

Nunca imaginei tais proporções...noticias iam surgindo das diversas ocupações de rádios, TV, organismos, Ministérios etc.
Por volta do meio-dia, já não conseguia ficar quieto e á revelia da família, vim para a rua e dirigi-me pela rua da Escola Politécnica em direcção ao Largo do Rato, quando ouvi um alarido de sirenes, e uma correria de pessoal.

Pensei tratar-se de carros da Policia, mas não, eram cinco jipes com metralhadoras MG montadas e carregados com tropas do MFA que se dirigiam numa correria desenfreada, para o quartel do Carmo.

Reparei no pormenor de, no vidro do lado do pendura todos os jipes tinham uma “X” enorme, feito com aquela fita adesiva castanha muito larga. Era uma forma de senha, para destrinçar os revoltosos das tropas regulares do regime.

Toda a gente os saudava e batia palmas à sua passagem, e muitos míudos esboçavam uma corridita atrás das viaturas.

Tremia todo de emoção com aquele aparato, deu-me a nítida sensação de tropas em combate...e vieram-me á memória os recentes tempos de Guiné.

Que coragem a daquele pessoal... ali, a céu aberto, enfrentando o que nem se poderia imaginar do lado da GNR, Policia PIDE, Legião etc., todas forças fanáticas e de uma fidelidade extrema ao regime do Estado Novo.

O desenvolvimento do movimento foi-se solidificando cada vez mais, as noticias eram hora-a-hora mais animadoras para todos os que vibravam com a situação em curso, e apoiavam o MFA.

Mal consegui almoçar, no entanto sentado á mesa ouvi na voz inconfundível do Manuel Alegre aquele verso de uma singeleza enorme, mas de tremenda força e significado: “Sobre esta página escrevo o teu nome Liberdade”.

Ainda vibrando com estas palavras do Poeta, entrei no meu atelier, disposto a fazer o quadro da minha vida. Como não tinha nenhuma tela à mão, peguei numa prancha de madeira destinada a fazer mais uma das minhas estantes “retro”, e comecei a pintar este quadro. Eram três horas da tarde do dia 25 de Abril 1974.
Tudo da frase do poeta lá está...sobre esta página...uma mão com uma vela apagada, sobre uma folha dum livro de leis...o poder velho de algum clero e políticos...escrevo o teu nome ...uma caneta, com a palavra medo invertida, e um pingo, que é o inicio da vida...liberdade...a saída das prisões, e a paisagem dos campos livres.Como fundo as cores nacionais, as cores da ira e da esperança, esperança de que ainda tenhamos um Portugal, como todos temos direito.

Seria desta forma que responderia a Baptista Bastos.

Ao selar este texto, quero afirmar o quanto estou agradecido a todos os Militares e ao Povo anónimo que se juntou a eles neste memorável dia, e afirmar que, depois do avistar á distância a Ponte sobre o Tejo no regresso de dois penosos anos na Guiné, o dia 25 de Abril de 1974 foi de certo o dia mais feliz da minha vida.

Hoje, dói-me a alma, ao ver tanto altruísmo e ideais tão belos, terem sido trucidados pela voracidade, ganância e incompetência da maioria dos políticos Portugueses, tristemente, iguais a tantos na nossa história, que tem afundado cada vez mais a nossa querida Terra.
Sou agnóstico convicto, não acredito em Deuses, mas imploro a uma divindade, seja ela qual for, que ilumine de uma vez por todas, as gentes que nos governam.

Este povo tem alguns defeitos, sempre foi mal orientado e permanentemente espezinhado, mas também é um povo trabalhador, inteligente, generoso e solidário, ele quer, e merece, ter uma centelha de ESPERANÇA para o futuro, senão agora, já para eles, mas para os seus vindouros.


Do grande poeta, que mais brilho deu ás palavras da língua Portuguesa, José Carlos Ary dos Santos:
“...serei tudo o que quiserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado NÃO !”



Muito cedo me cansei de acreditar em partidos políticos, de ouvir repetidas promessas, sempre por cumprir!!
Por vezes a fúria e a revolta, levam-me a negá-lo...mas tenho e terei sempre, muito orgulho em ser Português.

José Justo 25 Abril 2008
Raul Pica Sinos disse...
Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente.
Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente.
Depois da tempestade há a bonança
que é verde como cor que tem esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.
O que é preciso é termos confianças
e fizermos de Maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai
Ary dos Santos

Novos blogs da nossa malta


Meus amigos-
As boas noticias são para dar, goss goss
O Pica Sinos já tem um blog:

http://raulpicasinos.blogspot.com/

e o ZéJusto já tinha, como sabem:

http://comoze.blogspot.com/

Um abraço e venham mais blogs.
Leandro Guedes

25 de Abril - pela pena dum prisioneiro de guerra




Comemora-se hoje o 25 de Abril e vale a pena transcrever aqui a Conclusão que o Alf. Rosa faz no seu livro Memórias de um Prisioneiro de Guerra.


Assim como vale a pena relembrar a angustia e a amargura pelas quais todos nós em Tite passamos naquela fatídica noite da captura dos nossos três companheiros. Foi algo inesquecivel. A chegada dos primeiros fugitivos, em cuecas, aos gritos, quem não se lembra do pesadelo daquela noite. A descrição da captura dos três companheiros. A descrição do afogamento do furriel Cardoso ao atravessar o rio, no escuro da noite, atacado por um qualquer réptil de consideraveis dimensões.


E depois os dias que se seguiram em que os boatos apareciam uns a seguir aos outros, que davam conta dos sofrimentos porque eles estariam a passar durante a sua caminhada para o cativeiro, e até das suas mortes. Foram dias que não esqueceremos jamais. Estas cenas fizeram parte dos meus sonhos de olhos bem abertos durante anos.


Por isso o nosso grande respeito e admiração por estes três companheiros e por todos os outros que no cativeiro, sofreram as agruras duma guerra estúpida (todas são!...). E também o meu respeito, admiração e agradecimento aos valorosos heróis que os foram resgatar e libertar a um local onde eles estavam ilegalmente detidos.



“Ao concluir a narrativa das minhas Memórias de um Prisioneiro de Guerra colocam-se-me alguns pensamentos pertinentes que não posso deixar de abordar. Referem-se todos à guerra colonial, cujas consequências nefastas iriam isolar internacionalmente o país e colocar o povo português numa situação de sofrimento contínuo.
Naquela época, mesmo as pessoas mais incultas e menos informadas tinham conhecimento de que países como a França, a Bélgica, a Holanda e o Reino Unido tinham decidido descolonizar os territórios que ocupavam nas diferentes regiões do globo e facilitar às populações subjugadas o direito de serem livres e independentes.
Ainda hoje tenho dificuldade em compreender as razões que levaram o regime fascista que nos subjugava a não prosseguir o rumo natural da história!... A maldita guerra colonial não devia sequer ter começado!... Ainda hoje me revolta a despudorada frase de Salazar: “portugueses, estamos orgulhosamente sós!...” Não me restam dúvidas de que Camões, se fosse nosso contemporâneo, podia ter exclamado novamente: “Mísera sorte!... Estranha condição!...”
As consequências desta política desastrosa ainda hoje são visíveis e, ao recordá-las, quero prestar a minha sentida homenagem aos milhares de jovens que sofreram a morte na guerra colonial. Associo-me ao sofrimento de todos os mutilados, estendo a mão aos que estiveram em cativeiro nas diversas colónias e a todos os que ainda hoje transportam consigo as sequelas psicológicas de uma guerra a que o regime, teimosamente, chamava motins ou pequenos desacatos.
Com tais ditadores quem sofria realmente era o povo português!... Os jovens eram forçados a ir para a guerra. Os que ficavam eram obrigados a emigrar para fugirem à fome e à miséria e, desse modo, conseguirem alcançar um futuro mais risonho para eles e para os seus filhos.
Portugal nessa época era muito mal visto pela comunidade internacional. Éramos os aliados de Franco e tínhamos sido os colaboradores camuflados do regime nazi de Hitler. O nosso país era marginalizado e o nosso povo, na emigração, sofria as consequências, sendo tratado como se pertencesse a um país do terceiro mundo.
Isto não se podia manter por muito mais tempo!... Tornava-se urgente acabar com esta situação extremamente grave. Era imperioso dizer: “Basta!...”
Foi a partir deste descontentamento, revolta e mal-estar geral que se desencadeou o 25 de Abril. O povo estava farto e tinha ganho consciência política. Este estado de espírito abrangeu também os militares que, vitoriosamente, desencadearam a Revolução dos Cravos.
Só depois desta ocorrência é que o nosso país voltou a ser aceite pela sociedade internacional e hoje podemos afirmar: “Portugueses!... Estamos orgulhosamente com todos os países do mundo que respeitam os princípios democráticos!...Estamos com todos aqueles que respeitam os direitos e a liberdade individual dos cidadãos!... Estamos com aqueles que lutam pela paz e pelo progresso do seu povo!...”
É este o Portugal que sempre desejei na minha juventude. Hoje sinto-me feliz e realizado pois posso usufruir da tão desejada “liberdade”, pela qual tanto lutei mesmo pondo em risco a própria vida!...
Fernando Pessoa afirmou: “Valeu a pena? Tudo vale a pena / se a alma não é pequena.” Não posso concordar plenamente com ele. Aqueles três anos foram péssimos e de má memória!... A única coisa que me provaram foi que a resistência humana, tanto a nível físico como psíquico, é muito grande. O que vale realmente a pena… é viver em paz!... Viver em democracia no pleno gozo da liberdade e dos direitos humanos a que todo o cidadão, independentemente da cor, da raça e da religião, tem direito!...
António Júlio Rosa”






alcinda leal disse...
A todos os combatentes e colaboradores deste blogue a minha saudação neste dia tão importante para a nossa geração!Acabou-se a guerra colonial!Acabou-se a angústia de ver partir os nossos rapazes...e,é claro, ganhámos a liberdade de estar aqui a dizê-lo!Nunca é demais lembrá-lo às gerações seguintes que ,não tendo vivido esta época, não podem avaliar o que foi...para eles nós somos história...E os colegas bloguistas têm feito um excelente trabalho de recolha de testemunhos!Que maravilha poder usar estas novas tecnologias!cumprimentos bloguistas!
Justo disse...
Já tinha lido no seu livro esta análise.Na altura comoveu-me bastante e contra minha vontade ao reler no teu Blog de novo "me fui abaixo".A lucidez de análise do ex-alferes Rosa é de registar.Merecem toda a sorte do mundo, não só pelo que penaram durante aqueles anos de cativeiro, mas pelos testemunhos que nos vão dando. Há que acordar e avivar as memórias curtas !!Para o Rosa e todos os camaradas, os meus respeitos e a minha amizade.

A vida dum soldado (versos do Costa)


A VIDA DE UM SOLDADO

Para a tropa fui chamado
A cumprir o meu dever
Nas fileiras do exército
Aprendi a obedecer

Na vida civil protestava
Ao que o meu Pai me dizia
Pois aqui é tão diferente
Como a noite do dia

Quando fui mobilizado
Bastante me custou
Sabia que vinha sofrer
Mas não pude dizer não vou

Abandonei minha família
Com esperanças no coração
De voltar ainda um dia
Ao terminar a comissão

Dias alegres e tristes
E assim se vão passando
Até que cheque o dia
Que estou desejando

Tinha medo quando cheguei
À Província da Guiné
Agora estou mais calmo
Já sei o que isto é

E assim tenho escapado
Protegido pela sorte
Porque aqui é tudo mau
Desde o Sul até ao Norte

Cheguei a sair do quarto
A chover quanto podia
Junto dos meus camaradas
Sem nenhum saber pra onde ia

Rompendo na escuridão
Sem se ouvir uma voz
Mas a esperança de voltar
Andava sempre com nós

Esta cor tão diferente
Daquela que eu ia criando
E com eles passo a mocidade
Nesta terra desterrado

José Costa
Guiné, 1968

Versos do Costa, ao primeiro ataque sofrido pelas nossas tropas.


Amigo Guedes.

Antes de mais os meus parabéns pelo excelente trabalho que está visível no Blog. Simplesmente excelente.

Então "passei" a limpo os versos mantendo tudo o que lá estava escrito sem alterações, espero que desta vez recebas em condições.

Já tive ocasião de ouvir as gravações que o Pica me enviou, e então a nº. 3, os primeiros 30 segundos são meus mesmo! Que grande alegria me deu o Pica. E tudo isto porque lhe escrevi num destes dias a falar do gravador do falecido Alf. Carvalho, e ele lembrou-se dessa bobina. Fantástico. O que me leva a crer que a minha "aparição" foi obra "divina"

Um abraço e... um feriado bem aproveitado

Costa



VERSOS ALUSIVOS À DATA DE 19 DE JULHO DE 1967 AQUANDO DO 1º ATAQUE TERRORISTA AO AQUARTELAMENTO DE TITE GUINÉ-BISSAU

(Versos 1ª versão)
I
No dia 19 de Julho
O ataque do inimigo
Eu nem me posso lembrar
O susto que trago comigo
II
Tive medo, tive medo
Não o posso negar
Mas que ideia foi a deles
De nos virem atacar
III
Comecei a rastejar
Todo feito num embrulho
Eram dez menos um quarto
No dia 19 de Julho
IV
Quarta-Feira fatal dia
Que grande barbaridade
Estavam bem instalados
Atacaram à vontade
V
Ninguém os viu essa tarde
A montar o seu abrigo
Apanhou-nos de surpresa
O ataque do inimigo
VI
Começou a manelica
A dar fogo de rajada
E a traz para disfarçar
Vinham tiros da pesada
VII
Caiu uma bazucada
Que ao forno foi parar
Deu-nos cabo do pãozinho
Eu nem me posso lembrar
VIII
Durou quarenta minutos
Elas caíam cá dentro
Eu gostava de saber
Quem é que contou o tempo
IX
Eu não tive alento
Acreditem no que digo
Que nem sou capaz de dormir
Do susto que trago comigo
Tite, Guiné-Julho 1967
(Versos 2ª Versão)

I
No dia 19 de Julho,
Os turras fizeram tanto barulho
Que nem se podia ouvir.
Houve tanta morteirada e roquetada
Dentro do Quartel de Tite foi cair!
II
Estava eu tão descansado
E à porta d’armas estava sentado,
A falar com o nosso “Furriel” Heitor
Onde desviado de nós caiu uma granada
Julgando que era pesada
Que até fez calor!
III
Os nossos morteiros trabalharam
E granadas pelo ar lançaram
Nos abrigos deles foram cair
Onde os turras estavam instalados
Alguns deles foram estilhaçados
Mas conseguiram fugir!
IV
Tanto sangue se lá viu!
Perto dos abrigos, onde nossa granada caiu,
Que nem se podia ver.
Alguns deles foram levados
Para não serem apanhados
Ali, deviam morrer.
V
Alguns dos nossos soldados
Ali foram instalados no posto da enfermaria
E agora vou-lhes falar
Tenho muito que contar
Do que foi este dia…
VI
Alguns foram para os abrigos
À espera do inimigo
E outros andaram em cima da lama
Eu próprio fui dar com o “cabo”
Do S.P.M. deitado debaixo da cama!
VII
Agora vou-me despedir
Com amor sincero e paixão
Adeus malta da minha companhia
E também do Batalhão

José Costa
Tite, Guiné-Julho 1967
disse...
Alô Zé Costa.
Agora sim já posso ler os teus versos como deve de ser.Já não me lembrava da tua veia poética, será que continuas versejando, ou foi tique da juventude.Faz bem ler-te e relembrar momentos menos bons, mas que nos fizeram crescer e passar de rapazes a homens.Um grande abraço
Zé Justo.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

As portas que Abril abriu - o testemunho do Pica Sinos.


Do nosso companheiro Pica Sinos, este belo texto sobre Abril. Um abraço.

AS PORTAS QUE ABRIL ABRIU


Na sequência do golpe militar de 28 de Maio de 1926, foi implementado em Portugal um regime autoritário e fascista. Em 1933 o regime é remodelado, autodenominando-se Estado Novo. Oliveira Salazar, Presidente do Conselho de Ministros, até então Ministro das Finanças, passou a controlar o país não mais abandonando o poder até 1968.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, que a comunidade internacional e a ONU vinham a defender a implementação de uma politica de descolonização em todo o mundo. O Estado português recusa-se a conceder a autodeterminação aos povos das regiões colonizadas. Salazar, praticando uma política de isolamento internacional sob o lema Orgulhosamente sós, levou Portugal a sofrer consequências extremamente negativas a nível cultural e económico.


Em Março de 1961, no norte de Angola acaba por estalar uma sangrenta revolta. A chacina merece de Salazar a resposta Para Angola rapidamente e em força. O regime, defensor de uma política colonialista, alimenta as fileiras da guerra colonial, já então espalhadas pela Guiné e por Moçambique, com o propósito de manter as chamadas províncias ultramarinas sob a bandeira portuguesa com o resultado de milhares de mortos entre os povos.

Salazar, doente e senil, foi afastado do Governo em 1968. Américo Tomás, então Presidente da República chamou, a 27 de Setembro deste mesmo ano, para o substituir, Marcelo Caetano. Este, em tempo afastado do Governo por Salazar, veio a seguir a mesma política no que diz respeito às províncias ultramarinas.

Os militares portugueses começaram a revelar grande desgaste e mesmo desprestígio com a continuação da guerra colonial, que se mantinha há mais de dez anos, concluindo que não era militarmente que a questão do ultramar se resolveria. As eleições legislativas, em Portugal, ocorridas em 1973, não trazem alterações nem melhorias visíveis. Começam a organizar-se grupos conspiratórios entre os capitães do exército, motivados também por reivindicações de carácter corporativo por parte dos oficiais do quadro permanente, contra o regime e a manutenção da guerra.

Paralelamente alguns sectores das finanças e da economia, classes médias e movimentos operários constituem um importante factor na contestação à politica do regime, e apresentavam-se, então, concordantes quanto à independência das colónias que acabaria por acontecer, pondo assim termo a uma guerra que se prolongou por 13 anos.

A constituição do MFA resulta de uma reunião clandestina no Monte Sobral em Alcáçovas, sendo que a primeira reunião clandestina de capitães foi realizada em Bissau a 21 de Agosto de 1973. A guerra colonial constituiu a motivação dominante deste movimento criado por militares dos três ramos das forças armadas; exercito, aviação e a marinha.

O Movimento estuda e planeia a execução do golpe de Estado. A 24 de Abril de 1974, desencadeia tomada de posições a partir comando no quartel da Pontinha em Lisboa. Desenvolve acções após a canção “E depois do Adeus” de Paulo de Carvalho (23horas) emitida via rádio pelos Emissores Associados de Lisboa. E dá início a ocupações no terreno partir do segundo sinal com a transmissão da canção “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso (00,20horas do dia 25 Abril).

Com o amanhecer as pessoas começaram a juntar-se nas ruas, solidários com os soldados revoltosos; uma florista, do seu molho de cravos que transportava, colocou um na espingarda de um soldado, de seguida todos o fizeram ficando os cravos símbolo da revolução.

As forças da Escola Prática de Cavalaria comandadas pelo Capitão Salgueiro Maia faz a ocupação do Terreiro do Paço em Lisboa, mais tarde a do Quartel da GNR no Largo do Carmo, onde se encontra refugiado o chefe do Governo, Marcello Caetano, rendendo-se final do dia.

No dia seguinte forma-se a Junta de Salvação Nacional, constituída por militares que procederá a um governo de transição. O essencial do programa do MFA tem como pontos fundamentais. Democratizar, Descolonizar, Desenvolver.

Entre as medidas imediatas da revolução dos cravos contam-se a extinção da PIDE/DGS e da censura. Os Sindicatos livres, os partidos legalizados e os presos políticos libertados. Medidas atinentes com o acabar da guerra. Preparação da independência das colónias ultramarinas facto que ocorre entre Outubro de 1974 e Novembro de 1975. Da Guiné-Bissau, o último contingente militar regressou a Lisboa em 15 de Outubro.

Raul Pica Sinos
Bibliografia: Centro Documentação 25 Abril da Universidade de Coimbra,
Dicionário Enciclopédia Wikipedia. Foto do Largo do Carmo de Carlos Granja

25 de Abril - Gaivota




"Ontem apenas fomos a voz sufocada dum povo a dizer não quero;


fomos os bobos-do-rei mastigando desespero.


Ontem apenas fomos o povo a chorar na sarjeta dos que, à força,ultrajaram e venderam esta terra, hoje nossa.


Uma gaivota voava, voava, asas de vento, coração de mar.


Como ela, somos livres,somos livres de voar.


Uma papoila crescia, crescia,grito vermelho num campo qualquer.


Como ela somos livres,somos livres de crescer.


Uma criança dizia, dizia"quando for grande não vou combater".


Como ela, somos livres,somos livres de dizer.


Somos um povo que cerra fileiras,parte à conquista do pão e da paz.


Somos livres, somos livres,não voltaremos atrás.

Ermelinda Duarte"


(Foi enviado pelo Pica Sinos.)

25 de Abril - Já lá vai Pedro Soldado...

Foto do cap. Salgueiro Maia



Já lá vai Pedro Soldado
Num barco da nossa armada
E leva o nome bordado
Num saco cheio de nada.

Triste vai Pedro Soldado

Branda rola não faz ninho
Nas agulhas do pinheiro
Nem é Pedro marinheiro
Nem no mar é o seu caminho.

Nem anda a branca gaivota
Pescando peixe em terra
Nem é de Pedro essa rota
Dos barcos que vão à guerra.

Nem anda Pedro pescando
Nem no mar deitou a rede
No mar não anda lavrando
Soldado a mão se despede

Do campo que se faz verde
Onde não anda ceifando
Pedro no mar navegando.

Onde não anda ceifando
Já o campo se faz verde
E em cada hora se perde
Cada hora que demora
Pedro no mar navegando

E já Setembro é chegado
Já o Verão vai passando.
Não é Pedro pescador
Nem no mar vindimador
Nem soldado vindimando
Verde vinha vindimada.

Triste vai Pedro Soldado.
E leva o nome bordado
Num saco cheio de nada.

Soldado número tal
Só a morte é que foi dele.
Jaz morto. Ponto final.
O nome morreu com ele.

Deixou um saco bordado e era Pedro Soldado

Poema de Manuel Alegre

(também enviado pelo Pica Sinos)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Pelotão de Morteiros 1208


A pedido, aqui vai o emblema do Pelotão de Morteiros 1208, gentilmente enviado por Ana Raquel Braga.
Um abraço de todos para todos.
Aqui vai o email dum companheiro da Guiné, mas de outras paragens...
joão disse...
Caros amigos. Permitam-e "invadir" 0 vosso espaço, mas não resisti dada a coincidência temporal dos 2 Pelotões. Fui Fur. Mil. do Pelotão de Morteiros 1210, em Farim, Guiné. Pertenci ao pequeno (e complicado!) grupo de quem foi em "rendição individual",para substituir um sarg. ferido em combate, pelo que cheguei um ano depois a Farim e fiquei pela Guiné um ano após o regresso do Pelotão.Apenas em 1996 foi possível reunir no Porto um número significativo de companheiros, pois até aí não sabiam uns dos outros. E desde essa data que todos os anos nos encontramos no último sábado de Maio, um ano em cada local. Alguns de nós já partiram, de outros (poucos)não temos notícias. Mas estamos os que estamos e de vez em quando surge-nos mais um rosto de que já não nos lembravamos mas que é bem-vindo e nos enche de alegria!Perdoem tomar-vos tempo e espaço, mas quero felicitar-vos vivamente pelo trabalho que aqui na net desenvolveram. E bem hajam pelas memórias que me trouxeram. Mil felicidades para todos!João Manuel EncarnaçãoEx-Fur.Mil. Armas Pesadas Inf.
João - Se quiseres aparecer no nosso almoço és bem vindo. É em Salir do Porto, perto das Caldas da Rainha. Trás outros amigos também... Um abraço.

Faleceu o Alf. Vaz Pinto.



O Pica Sinos, no seu trabalho incansavel de procura dos ausentes, foi à procura do Alf. Vaz Pinto, e as noticias que nos trás são as piores:



Amigos
Por vezes somos conhecedores de noticias que não esperamos deixando-nos muito tristes.O facto do Alferes Vaz Pinto não dar noticias tem infelizmente as suas razões.Segundo a família o Vaz Pinto já não está entre nós fisicamente. Faleceu a 10 de Fevereiro de 2006. Recordemos o Vaz Pinto com o respeito que sempre nos mereceu.
Raul Pica Sinos

O primeiro ataque dos turras, em 19 de Julho de 1967








O José Costa fez uns versos ao primeiro ataque que sofremos no aquartelamento e cujas consequencias são visiveis na foto ao lado.

Boa noite camaradas!!!

Vcs estão recordados deste nosso baptismo de fogo??
19Julho1967 1ª Prova de Fogo Versos Pag.219Julho1967 1ª Prova de fogo Versos Pág.119Julho 1967 Versos

Tenho mais surpresas!!!

Costa
(como diz o alf. Rosa no seu livro, tratar os guerrilheiros por "turras", era o mesmo que eles nos tratarem a nós por "tugas". Mimos !!!...)

Os esforços do José Costa para encontrar a malta

Oiii rapaziada... Como vêm eu já em 2007, escrevia um mail a estes empresários do turismo "militar" aqui fica o endereço e a dica, pois pode ser que um dia, combinamos e vamos até lá Cumprimentos Costa Da Masterturismo para o José Costa, O facto de Tite não estar mencionada na newsletter não quer dizer que este destino não possa vir a ser incluído na viagem à Guiné-Bissau , pois os destinos mencionados foram os que nos foram indicados por outros ex-combatentes que estiveram nessas zonas. Ficamos com o seu contacto e quando tivermos mais informações sobre as viagens contactá-lo-emos (seria possível enviar o seu contacto telefónico ?). Melhores cumprimentos Do José Costa para a Masterturismo: Boa Tarde Acabei de receber newsletter sobre uma viagem à GUINÉ-BISSAU. A ideia é boa pois deve existir muitos ex-combatentes que desejariam "regressar" aquelas terras. Mas tem um porém. A mim como a tantos outros combatentes, nada nos diz as as vilas ou cidades, que estão mencionadas, atendendo a que os militares foram espalhados por muitas zonas e aí permaneceram durante toda a comissão e de lá numca saíram a não ser para Bissau durante umas horas enquanto durava o embarque ou desembarque de tropas. Foi o meu caso. Sai do barco com destino a TITE e de lá só saí para o barco que nos trouxe. Ora TITE, é mesmo em frente a BISSAU, do outro lado do rio, e foi aí que começou a guerra. Muito me admira que este local não seja visitado ou não faça parte do programa dado o simbolismo. Então, penso que quem quiser fazer essa viagem, deve pelo menos querer visitar o seu "local" para matar saudades. Mandem notícias, sempre, pode ser que eu um dia resolva e vá também. José Costa

O reencontro do Sopinha (pelo imparavel Pica Sinos)

15 de Abril de 2008, Como previamente combinamos, eram cerca das 13 horas quando encontrei o Sopinha à porta da empresa. O Sopinha está reformado mas como não quer engordar faz umas horas por dia para “reforçar o orçamento” tendo em conta os gastos extras das suas passeatas aos fins-de-semana na Ericeira e outras… por vezes ao Casino do Estoril. O restaurante onde almoçamos – O Torino – escolhido por ele, é assim pró “fino”. Fica em São Sebastião da Pedreira, perto do Corte Inglês em Lisboa. Comemos corvina com o respectivo acompanhamento, um assado no forno que estava um espectáculo. O vinho foi do jarro, tinto como manda a etiqueta, nada mau. Conversamos, conversamos. A sua mulher, com quem casou por procuração em Tite, morreu há cerca de seis anos. Tem um filho e um neto que vivem para os lados de Portimão. Refez a sua vida com uma outra senhora há cerca de quatro anos. Tem uma prótese na anca, mas isso não o impede de fazer uma vida normalíssima (risos).Alegre, como sempre o conheci, cabelo já todo ele branco, muito curto. Charmoso e sempre sorridente lá foi respondendo e perguntando em acordo com a conversa desenvolvida. Dirigente associativo por largos anos no CCL – Clube Campismo de Lisboa, com rolote na Costa da Caparica. Fez muitas peças em teatro amador. Duas ou três das representações foram no Parque de Campismo – o Piedense – na Costa da Caparica, onde tenho também uma rolote. Curiosamente nunca assisti aos eventos onde ele foi, era participante. “Tão perto e tão longe”. Falamos de Tite, lembra-se obviamente de mim, do Justo e do Cavaleiro. Claro que vai ter a oportunidade de se lembrar e de conviver com outros companheiros que espera encontrar no próximo encontro em Salir do Porto. Viu a fotografia (no blog) ele com o Justo sentado em frente da porta do Centro de Cripto – “deviam de estar a falar de coisa muito séria tendo em conta as expressões” (risos). Comprometeu-se a abrir o “baú” e enviar fotografias para o blog. Contar uma ou outra história. Recordamos com brilho nos olhos a “boda” do seu casamento por procuração em Tite. Passou muita fome, a carne de vaca só na mesa dos oficiais. Só assistiu no aquartelamento a dois ou três ataques. Vocês quando chegaram (com quem conviveu ainda durante oito meses) foi como uma “bênção” tendo em conta a vossa forma de estar na vida. Alegres e brincalhões como eu. etc. etc.Falei do Justo que me disse para lhe dar um abraço. Agradeceu…. Comovido. Que vai escrever ao Justo e ao Cavaleiro para agradecer a amabilidade que tiveram com ele ao recordá-lo. Espera poder abraçá-los no próximo encontro.São quase 15 horas, pedimos café, não pude beber um wisque com ele, tinha um carro para conduzir. Despedimo-nos. Que bom este convívio ao fim de largos anos. Raul Pica Sinos

O Casamento do Sopinha, por procuração







Nesta, a preparação, dá para ver o Sopinha, O físico do Cavaleiro e o Justo.

E nesta foto já é o banquete. O Alf. Carvalho de faca e garfo, o Noivo Sopinha em frente e o Pica Sinos com uma carecada.
Aqui estão as fotos do casamento do Sopinha, em Tite, a que o Cavaleiro faz referencia.
A primeira foto é do Justo e a segunda é minha.
Pica Sinos.

"Cumbite" - A primeira passagem de ano no mato, longe da familia





















Meus amigos:
Do "baú" do José Costa aqui vão belas recordações que ele amavelmente trouxe à nossa memória.
Para informação leia-se Convite - Cumbite, é a pronuncia do norte e dos naturais da Guiné também...
Sabes que eu acho que estás enganado, não era rojões em azeite mas sim rojões em banha de porco. Mais tarde fiz este mesmo petisco em minha casa e lembrei emocionado tantos destes momentos!
Para ti um abraço de todos nós.
Bem hajas!

""Oiii camaradas!!! Alguém se recorda deste dia, que foi a primeira passagem de ano longe da nossa família?

A Comemoração foi na arrecadação do Palma! Juntamos as goluseimas que entretanto nos haviam mandado, e fizemos uma farra. Lembro que eu levei uma lata que me haviam enviado daqui em Agosto ou Setembro desse ano de 1967 com rojões em azeite. Guardei-a para um dia especial. E esse foi o dia. Acontece que ao abrir, cheirava mal ou seja: a ranço! Eu sei que não comi, mas a lata ficou vazia!! Lembro que nessa noite ouve grandes bebedeiras entre nós. Estou a recordar-me dum amigalhaço que não recordo o nome o Alf. ? (Gordinho) salvo erro da manutenção.

Um abraço para todos e um bfs

Costa ""
do Pica Sinos:
Ó Guedes
Este doc. "Cumbite" que o Costa nos mandou está um espectáculo.
Não só pela recordação mas também no que ele contém de história e de graça.
Lá vem a malta do costume, bem visível as assinaturas. Jorge Costa, Sopinha, José Justo, Pica Sinos, Fernando Botas, Leandro Guedes, António Cavaleiro entre outros.
Ó Guedes este documento é digno de publicação no Blog.
Costa manda mais rapaz
Um Abraço
Pica Sinos
do José Costa:
Bom dia!!!
Então gostaram do "CUMBITE" pois essas assinaturas eram dos presentes "convivas" desse dia que recordo ainda muitas vezes, principalmente todos os fins de ano. Porque se bem se lembram, no ano seguinte, com a euforia de virmos embora não houve nada.

Visitei o Blog, e estou muito comovido, com vcs. Acho que vcs estão apaparicando demais este "gajo". A sério gostei do que li e vi e estou muito agradecido.

Tenho mais algumas recordações no "bau" para compartilhar mas... mais devagar para fazer render o peixe.

Um bfs a todos
Zé Costa
do Cavaleiro:
Pois é malta! O Costa antecipou-se! Sabem que eu tenho o original do “Cumbite”!
Recordo-me perfeitamente da sua “feitura”. É evidente que foi feito no CC. Por quem? Só podia ter sido pelo Justo, Pica e Cavaleiro!
Já ando para comprar uma “multifunções” há séculos! Mas isto vai uma crise!!!!! Tem sido mesmo desleixo! É que tenho mais algum material que certamente gostarão. Prometo que um dia destes vou p’ra porta da igreja pedir umas esmolas e vou comprar a dita cuja!!

Bom fim de semana e um abração para todos.
Cavaleiro

sábado, 12 de abril de 2008

Novo manual ...


Só o Justo se lembrava duma coisa destas.
Um abraço.

Sopinha, outro reencontro ao fim de tantos anos

Foto do Sopinha e do Justo

Carta do Cavaleiro para o Sopinha:


Sopinha,

É sempre agradável receber notícias ou saber algo de pessoas que fazem parte da nossa existência. Conhecemo-nos numa situação complicada, mas deu para partilharmos algumas alegrias, algumas tristezas e muito medo. Tive o grato prazer de partilhar da alegria do teu casamento. Seguramente que na altura isso para mim não foi mais que uma brincadeira, hoje compreendo-me e até entendo o quão provinciano eu era! Pensava eu, mas que raio de coisa esta de casar num ambiente de guerra, tão longe, sujeito a levar dois tiros nos “cornos”, sujeito a deixar mais ……..uma viúva, etc.etc. Enfim tudo isto eu pensava. Hoje compreendo. Na altura era demasiadamente imaturo e puro para aceitar isso! Foi muito bonita a tua “boda”. O Justo e o Pica Sinos merecem ser aqui chamados, pois foram eles os obreiros daquela “festarola”!!! Julgo que o Alferes Carvalho também partilhou desse momento.

Quanto a mim, já me encontro reformado, ainda vou tendo alguma qualidade de vida, continuo casado com a minha namorada da Guiné, tenho um filho de 34 anos, uma nora e uma netinha de quase 3 anos e meio. Escusado será dizer que é a nossa perdição!

Espero encontrar-te, se não for antes, no próximo dia 17 de Maio. Já te mandaram o programa?
Até lá votos de muita saúde.

A partir de agora passas a fazer parte da minha lista de contactos. Estou disponível para tudo o que bem entenderes.
Deixo-te os meus contactos

António Cavaleiro
Rua do Sorrio, 337
4900-918 Areosa
Viana do Castelo

Telef 258835467
Telem 965616131/969231787

Manda notícias.
Recebe um forte e apertado abraço,
Cavaleiro

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Regresso dos soldados mortos divide combatentes


Mais um texto publicado no Diario de Noticias enviado pelo Pica Sinos. A foto é do Zé Justo.

Guerra colonial. Um debate delicado foi aberto pela exumação dos restos mortais de onze soldados portugueses que perderam a vida com a arma na mão, em Guidaje, Guiné-Bissau. Nem toda a gente está de acordo com a ideia de que o campo de batalha seja a sepultura mais digna para um combatente
O Dia do Combatente, celebrado ontem, na Batalha, é este ano marcado, se não directa, pelo menos indirectamente, pela questão da exumação, em Guidaje, na Guiné-Bissau, dos restos de onze militares portugueses, mortos em combate, em 1973, e sepultados na zona onde se situava um pequeno aquartelamento, já muito perto da fronteira com o Senegal.A operação de levantamento das ossadas, de acordo com o major-general Lopes Camilo, vice--presidente da Liga dos Combatentes, foi desencadeada no quadro de um plano geral de intervenção que pretende concentrar os restos de militares caídos em combate em determinados cemitérios locais, que serão cuidados e eventualmente transformados em espaços de memória, que podem ser até de memória partilhada com os países onde os cemitérios se localizem e dar origem ao chamado "turismo de memória".No caso da Guiné-Bissau, a Liga dos Combatentes tem um protocolo já firmado com o Instituto de Defesa Nacional guineense, prevendo-se a concentração das ossadas, depois da sua rigorosa identificação, em cemitérios de Bissau, Babadinca, Bafatá e Gabú. No caso das onze exumações agora feitas, depois da identificação, que ainda não foi feita, sendo, por isso, os restos considerados como de "soldados desconhecidos", serão as ossadas depositadas no cemitério de Bissau, a menos que os familiares decidam fazer a sua transladação para Portugal, cujas despesas terão de ser suportadas pelas próprias famílias, já que a Liga apenas actuará, nesses casos, na identificação dos militares e no apoio à remoção de barreiras burocráticas que simplifique os procedimentos legais necessários à transladação.Por localizar estão ainda os restos de 20 outros militares, de incorporação sobretudo guineense, e sepultados na mesma região de Guidaje, que era, em 1973, uma das mais aquecidas zonas de guerra. Ninguém fica para trás?Das onze sepulturas referenciadas, com levantamento de ossadas, três dizem respeito a pára- -quedistas, alvos da atenção da respectiva associação, que permanece unida e aparentemente fiel à ideia de que "ninguém fica para trás", e do grande impulso emocional resultante de imagens recentes, e traumáticas, de cemitérios ao abandono em África, com campas depredadas de antigos combatentes. Nasceu aí um movimento cívico de antigos combatentes, visando "não esquecer os companheiros de armas que em terra do então ultramar tombaram para sempre, dando a vida pelo país" e firmando-se naquilo que é sublinhado como "sentido da honra e dever de lealdade para com os que morreram por Portugal".O major-general Lopes Camilo situa, porém, a operação no âmbito restrito de uma acção envolvendo a Liga dos Combatentes, o Ministério da Defesa, a Universidade de Coimbra e o Instituto de Medicina Legal. O sucesso da localização e levantamento das ossadas, e uma eventual transladação dos "páras" para Portugal, pode, no entanto, iniciar, pela mediatização e choque emocional da operação em Guidaje, um delicado processo, chocando-se teses que defendem o regresso a casa de todos os que morreram em África ou sustentam que devem os mortos ficar na dignidade dos campos de batalha onde tombaram.Augusto de Freitas, hoje um neuropsicólogo, sargento em meados dos anos setenta, com missões cumpridas em Moçambique, de 1973 a 1975, nas zonas operacionais de Tete e Nangade e que lidera, agora, a Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra, não esconde uma crítica dura: "É uma vergonha a falta de respeito pelos que lutaram pela Pátria e os governos de Portugal têm esquecido os que morreram e ficaram enterrados em cemitérios que estão hoje ao abandono e que têm sido, em alguns casos, depredados!"Augusto de Freitas, admitindo que o assunto é complexo, continua à espera de que o País enfrente a necessária tarefa de fazer regressar os restos dos que perderam a vida na guerra colonial, algo que tem de ser feito, mesmo sabendo que essa operação "vai mexer com as emoções do País e dos familiares dos que tombaram em combate". Há, porém, quem considere que "os mortos são uma marca do império", pessoas que "estão onde, se calhar, devem estar", em locais "onde combateram e morreram", não havendo "sepultura mais digna do que a que foi cavada no próprio campo de batalha". Defensores desta tese convidam a uma profunda e sensata reflexão que evite a abertura de uma "caixa de Pandora". O regresso dos restos de apenas alguns antigos combatentes poderá levar muitas famílias a reivindicar o regresso também dos seus mortos. "E se não houver esses mortos?", perguntam. É que não poucos combatentes morreram em circunstâncias que não permitiram sequer a recuperação de fragmentos e o antigo "comando", agora escritor, Matos Gomes, combatente na zona de Guidaje, limita-se a contar que numa operação de resgate de vítimas do rebentamento de uma mina, apenas conseguiu identificar, entre inúmeros minúsculos fragmentos, "a roda dentada da caixa de velocidades do veículo"…

O reencontro do José Costa...


o Costa, Pica Sinos e o Gentil
















o José Costa




















Para que fique registada a alegria por termos reencontrado um amigo que não viamos há 41 anos, transcrevo a seguir os vários emails trocados entre nós (algumas passagens são repetidas entre emails, mas é mesmo assim...):


- do José Costa para o Leandro Guedes:

Boa noite!!!


Foi com uma grande alegria que "descobri" o site k o amigo me deu a conhecer! Fui encontrar uma foto minha que até desconhecia, precisamente estou por detrás do Brig. Hélio Felgas. Do Pica Sinos do Justo, se me lembro deles meu Deus! Trabalhamos juntos desde o primeiro dia do desembarque. Eles op. Criptos e eu op.de msgs. Agora que os "descobri" quero me encontrar com essa "malta" toda. Parece que vai haver um almoço em 17 de Maio, vou estar presente.Já agora, o amigo Leandro, quem é? Não me lembro desse nome na CCS BART 1914. Vou enviar umas fotos minhas desse tempo a ver se alguém se lembra de mim?Um abraço e mto obrigado pela sua ajuda

José Costa

- do José Costa para o blog:

Meus Deus!! Quis o destino que precisamente hoje, 41 anos depois, e de tanto procurar os meus companheiros da CCS Bart 1914, nos jornais, nas revistas e anúncios vários, nunca encontrei ninguém! E hoje por um acaso encontro este blog!!!Então eu sou o Costa Op.Msgs!! Alguém se lembra de mim? Dêem-me notícias vossas... porra.



- do Pica Sinos para o Costa

Claro que damos noticias Amigo Costa!E quanto mais depressa aparecesses mais depressa dávamos.Mas quem é o Costa? O Costa está no meio da cabina deste luxuoso autocarro descapotável, por detrás dele o Palma. A ideia era darmos uma volta turística a Tite mas ao que parece o artista da manivela (de quem não lembro o nome, desculpa lá) não conseguiu pôr o motor a funcionar. Creio que o pensamento do Costa na altura era....põe isso em ponto morto senão nunca mais arrancamos......estava certo, de facto todo este aparato só serviu para a fotografia.Lembravas-te desta Costa?Um abraço

Pica Sinos



- do Costa para o blog:

Eh pá!! finalmente dou com vocês!!
Que grande alegria que o amigo Leandro Guedes me deu há dias, quando encontrou um anúncio meu colocado na net há muito tempo que já nem me lembro. Sempre tentei procurar em tudo o que eram anúncios de convívios, inclusivé sou sócio da Liga do núclio do Porto e na revista nunca lá encontrei nada. Mas pronto esse dia para vos dar um abraço e "por" as memórias em dia vaí chegar agora em Maio no almoço.

Eu lembro-me perfeitamente desse dia que nos encontramos no Porto. Recordo-me que ias a uma reunião do Sindicato. Depois disso, um dia voltei a ver-te na TV num evento qualquer e depois nunca mais. Mas, volta e meia vinha á minha memória essa rapaziada, de que me lembro além de ti, o Justo, só agora ao ler no site me apercebi de uma situação delicada que ele está a viver, ele já me respondeu e eu vou respnder. Então essa foto que me envias agora, eu também a tenho. As pessoas são: Ao volante és tu, a seguir eu, à minha direita, não lembro o nome, mas era nosso íntimo e era escriturário na secretaria em frente de nós, pessoa defino trato e muito calmo.Depois temos o Palma, que se armava em dono das balas quando queriamos ir à caça das rolas, e o da manivela, não me lembro do nome, mas era infermeiro foi um dos primeiros a chegar à Parede e vivia alí para os lados de S.Pedro do Estoril, cheguei a ir com ele nessa altura a casa dele. Vivia só com uma avó, se a memória não me atraiçoa. Era um tipo porreiro muito vivido e rebelde, chegou a estar preso aí em Tite por um castigo qualquer.

Tomei conhecimento no Blog, que o amigo Heitor já cá não está. Grande saudade, tenho muitas fotos com o cão dele antes do embarque. Ainda tenho a marca de uma costura de 4 pontos feita por ele e a recordação dos comprimidos LM que sempre estavam disponiveis para qualquer exaqueca.

Eu continuo a viver em Ovar, continuo no ramo de tintas e vernizes, mas a trabalhar por conta própria desde 1983. Sou viúvo desde Janeiro de 1993, tenho uma filha de 36 anos e uma neta de 11. Tanto a minha filha como o genro trabalham comigo. Depois de enviuvar, refiz a minha vida com uma senhora, mas da qual já me separei, depos conheci uma Brasileira mais nova 21 anos que eu, mas de momento estamos separados.
Entretanto tenho corrido o Mundo sempre na coboiada com amigos e amigas, junto uma foto no Dubai no ano passado, e assim já podes ver a transformação por que passei (ou passamos em 41 anos!)

Já vou longo, entretanto vou dando notícias
Um grande abraço bem apertado

Zé Costa

- do Pica Sinos para o Costa:

Grande Costa
Grande Amigo
Quem tem perguntado muito por ti é o Cavaleiro cujo endereço eu junto.
Também vou ao Encontro em Maio e vamos ter a oportunidade de conversarmos.
Estás um bocadinho mais forte de quando tinhas 20 anos EhEhEhEhEh.
Sei onde o Matos trabalha é na Sapataria Orion na Rua do Chiado em Lisboa, se tiveres tempo
pedes o nº de telefone no 118 e faz-lhe a surpresa. Ele vai gostar muito.
Mando mais umas fotos da malta para recordares.
Um Abraço Costa
Pica Sinos


- o Pica Sinos transcreve um email do Costa:



Amigos, aqui vos mando a resposta do Costa ao meu primeiro Mail.Porreiro rever a malta, vamos apertar com ele para escrever umas coisas para oBlog, mas devagarinho, que ele ainda agora chegou

Meu grande Amigo Justo!!!Finalmente encontro a rapaziada, não foi fácil. Fiz muitas tentativas paraencontrar um único elemento que fosse da malta. Olha que até sou sócio daLiga do núcleo do Porto há mais de 30 anos! Sempre a receber as revistas com montes de convívios, e nunca lá encontrei nenhum alusivo ao Bart 1914. Eu mesmo coloquei anúncios para resposta nos fins dos anos 80 e ainda há uns dez anos e nada. Agora com esta moda da net, coloquei um anúncio, deve ter sido há mais de um ano, e eis que o amigo Guedes me informa do seu Blog. Foi como se eu tivesse ganho a lotaria. Uma grande alegria.Sempre me lembrava da rapaziada do Posto de Rádio, onde passavamos os dias inteiros por alí.Um belo dia, logo após o 25 de Abril, encontrei o Pica Sinos junto à estaçãode S. Bento no Porto. Ainda me lembro das palavras que trocámos;


Eu muito surpreendido por o ver: Que andas a fazer por aqui?


Ele: Vim a uma reunião da União de Sindicatos


Eu: Ah sim? E vieste agora no comboio?


Ele: Não. Vim de avião!


Eu: De avião? Mas isso é muito caro? Ainda mais um sindicato.


Ele: Se não aproveitasse eu, vinha outro no meu lugar!Grande malandro este Pica Sinos (risos!!!)De ti sempre me recordo (li no teu site, que estás a passar um momento difícil. Felizmente graças á tua força e com o apoio da tua família vais ultrapassar esta situação. Lembra-te que viviamos hà 41 anos numa roleta, e safamo-nos e a prova é que estamos aqui. força meu amigo) o teu ar despreocupado com o vestir. Camisa desabotoada ou tronco nú o cigarro numa mão e umas cervejas e ... dormir.Vou juntar uma foto, do Centro de Mensagens, onde se vê os orifícios para a entrada do serviço de mensagens. Lembras-te desse gajo? Era o Silva. Nunca soube nada dele. Eramos grandes amigos. Este tipo para caçar de G3, era uma máquina. Fomos juntos vezes sem conta por aquele mato despreocupados e inconscientes do perigo que corriamos, pois poderiamos ser abatidos ou raptados. Comemos muitas rolas á porta do posto de rádio, mortas por ele. Ele dizia que trabalhava no Hotel Fénix em Lisboa.Então eu vivo ainda em Ovar. Trabalho por conta própria desde 1983 no ramo que sempre foi o meu, Tintas e Vernizes. Casei com a namorada de sempre, mas fiquei viúvo no início de 1993. Em 95 juntei-me em 2006 separei-me, depois conheci uma brasileira mais nova 20 anos, mas não resultou e desde Agosto passado estou só. Tenho uma filha de 36 anos uma neta de 11 e a minha filha e o meu genro trabalham comigo. Nestes últimos 18 anos tenho percorrido o Mundo sozinho com amigos e amigas como tem que ser.Vou enviar-te uma foto actual duma viagem que fiz o ano passado ao Dubai e já pode ver como estou na mesma, rrrrrrsssssPodes me escrever ou enviar anexos sem problemas Quero dar-te um grande abraço e agora não vos largo mais. Estarei presente nopróxmo dia 17 de Maio.


Zé Costa



- do Costa para Zé Justo:

Meu grande Amigo Justo!!!

Finalmente encontro a rapaziada, não foi fácil. Fiz muitas tentativas para encontrar um único elemento que fosse da malta. Olha que até sou sócio da Liga do núcleo do Porto há mais de 30 anos! Sempre a receber as revistas com montes de convívios, e nunca lá encontrei nenhum alusivo ao Bart 1914. Eu mesmo coloquei anúncios para resposta nos fins dos anos 80 e ainda há uns dez anos e nada. Agora com esta moda da net, coloquei um anúncio, deve ter sido há mais de um ano, e eis que o amigo Guedes me informa do seu Blog. Foi como se eu tivesse ganho a lotaria. Uma grande alegria.

Sempre me lembrava da rapaziada do Posto de Rádio, onde passavamos os dias inteiros por alí.
Um belo dia, logo após o 25 de Abril, encontrei o Pica Sinos junto à estação de S. Bento no Porto. Ainda me lembro das palavras que trocámos;

Eu muito surpreendido por o ver: Que andas a fazer por aqui?
Ele: Vim a uma reunião da União de Sindicatos
Eu: Ah sim? E vieste agora no comboio?
Ele: Não. Vim de avião!
Eu: De avião? Mas isso é muito caro? Inda mais um sindicato.
Ele: Se não aproveitasse eu, vinha outro no meu lugar!

Grande malandro este Pica Sinos (risos!!!)

De ti sempre me recordo (li no teu site, que estás a passar um momento difícil. Felizmente graças á tua força e com o apoio da tua família vais ultrapassar esta situação. Lembra-te que viviamos hà 41 anos numa roleta, e safamo-nos e a prova é que estamos aqui. força meu amigo) o teu ar despreocupado com o vestir. Camisa desabotoada ou tronco nú o cigarro numa mão e umas cervejas e ... dormir.

Vou juntar uma foto, do Centro de Mensagens, onde se vê os orifícios para a entrada do serviço de mensagens. Lembras-te desse gajo? Era o Silva. Nunca soube nada dele. Eramos grandes amigos. Este tipo para caçar de G3, era uma máquina. Fomos juntos vezes sem conta por aquele mato despreocupados e inconscientes do perigo que corriamos, pois poderiamos ser abatidos ou raptados. Comemos muitas rolas á porta do posto de rádio, mortas por ele. Ele dizia que trabalhava no Hotel Fénix em Lisboa.

Então eu vivo ainda em Ovar. Trabalho por conta própria desde 1983 no ramos que sempre foi o meu, Tintas e Vernizes. Casei com a namorada de sempre, mas fiquei viúvo no início de 1993. Em 95 juntei-me em 2006 separei-me, depois conheci uma brasileira mais nova 20 anos, mas não resultou e desde Agosto passado estou só. Tenho uma filha de 36 anos uma neta de 11 e a minha filha e o meu genro trabalham comigo. Nestes últimos 18 anos tenho percorrido o Mundo sozinho com amigos e amigas como tem que ser.

Vou enviar-te uma foto actual duma viagem que fiz o ano passado ao Dubai e já pode ver como estou na mesma, rrrrrrsssss

Podes me escrever ou enviar anexos sem problemas

Quero dar-te um grande abraço e agora não vos largo mais. Estarei presente no próxmo dia 17 de Maio

Zé Costa


- Para Vosso conhecimento junto email que o Costa me enviou
Um Bom fim de semana para todos
Pica Sinos :



Eh pá!! finalmente dou com vocês!!
Que grande alegria que o amigo Leandro Guedes me deu há dias, quando encontrou um anúncio meu colocado na net há muito tempo que já nem me lembro. Sempre tentei procurar em tudo o que eram anúncios de convívios, inclusivé sou sócio da Liga do núclio do Porto e na revista nunca lá encontrei nada. Mas pronto esse dia para vos dar um abraço e "por" as memórias em dia vaí chegar agora em Maio no almoço.

Eu lembro-me perfeitamente desse dia que nos encontramos no Porto. Recordo-me que ias a uma reunião do Sindicato. Depois disso, um dia um voltei a ver-te na TV num evento qualquer e depois nunca mais. Mas, volta e meia vinha á minha memória essa rapaziada, de que me lembro além de ti, o Justo, só agora ao ler no site me apercebi de uma situação delicada que ele está a viver, ele já me respondeu e eu vou respnder. Então essa foto que me envias agora, eu também a tenho. As pessoas são: Ao volante és tu, a seguir eu, à minha direita, não lembro o nome, mas era nosso íntimo e era escriturário na secretaria em frente de nós, pessoa defino trato e muito calmo.Depois temos o palma, que se armava em dono das balas quando queriamos ir à caça das rolas, e o da manivela, não me lembro do nome, mas era infermeiro foi um dos primeiros a chegar à Parede e vivai alí para os lados de S.Pedro do Estoril, cheguei a ir com ele nessa altura a casa dele. Vivia só com uma avó, se a memória não me atraiçoa. Era um tipo porreiro muito vivido e rebelde, chegou a estar preso aí em Tite por um castigo qualquer.

Tomei conhecimento no Blog, que o amigo Heitor já cá não está. Grande saudade, tenho muitas fotos com o cão dele antes do embarque. Ainda tenho a marca de uma costura de 4 pontos feita por ele e a recordação dos comprimidos LM que sempre estavam disponiveis para qualquer exaqueca.

Eu continuo a viver em Ovar, continuo no ramo de tintas e vernizes, mas a trabalhar por conta própria desde 1983. Sou viúvo desde Janeiro de 1993, tenho uma filha de 36 anos e uma neta de 11. Tanto a minha filha como o genro trabalham comigo. Depois de enviuvar, refiz a minha vida com uma senhora, mas da qual já me separei, depos conheci uma Brasileira mais nova 21 anos que eu, mas de momento estamos separados.
Entretanto tenho corrido o Mundo sempre na coboiada com amigos e gajas, junto uma foto no Dubai no ano passado, e assim já podes ver a transformação por que passei (ou passamos em 41 anos!)

Já vou longo, entretanto vou dando notícias

Um grande abraço bem apertado

Zé Costa

Malta, desculpai, mas só depois de enviar o email para o Costa é que me lembrei da falha em não vos dar conhecimento. Vai agora!

Um abraço para vocês.
Cavaleiro
Encontrei finalmente o amigo!!!!
- do Cavaleiro para o Costa:

Costa,

Tenho acompanhado a troca de e-mail’s entre o Costa o Pica o Justo e Guedes.

Estou muito contente por todo este desenrolar de acontecimentos. O Pica Sinos e o Justo são terríveis! Lembram-se de tudo, descobrem tudo! Continuam “os mesmos bons rapazes”. Aquelas transmissões era uma grande equipa!
Naturalmente que o Costa foi um daqueles “rapazes” que não esquecem, pela sua educação, pela sua postura, pela colaboração e amizade, razão pela qual tenho perguntado por ti junto do Pica e do Justo.
Aos poucos lá vamos “juntando” a malta das transmissões. Seria bom um dia podermo-nos encontrar todos.
Tens visto o furriel Luis? Ele se não estou errado era desses lados, não era?

Pois já estou ao corrente da tua vida. Ficaste viúvo, voltaste a casar, divorciaste-te, pescaste uma brasileira mais nova do que tu 20 anos e aí……..meu caro Costa estou mesmo a ver que falhaste redondamente! O que é que querias?!!!! E ainda por cima brasileira!
Tens uma filha e uma neta. Continuas a gerir os teus negócios…..(É mesmo em Ovar? E tu vives também em Ovar?)

Pois bem, quanto a mim, continuo casado, também tenho um filho e uma neta.
Já estou reformado. Levo uma vida bastante pacata. Vivo numa aldeia a 5 kms da cidade. Já me apercebi que gostas de viajar. Eu também. Considero um belo investimento! Mas olha que ainda não fui ao Dubai! Mas não faltarão oportunidades. Teremos tempo para falar dessas coisas!
A partir de agora vai ser mais fácil.
Se vieres a Viana não te esqueças de dar uma apitadela.

Deixo o meu contacto:

António Cavaleiro
Rua do Sorrio, 337
4900-918 Areosa
Viana do Castelo
Telef. 258835467
Telem 965616131/969231787

E a partir de agora……..estás na minha lista de contactos!!

Recebe um forte e apertado abraço,

Cavaleiro

- do José Costa para o Cavaleiro:

Amigo Cavaleiro!!!!

Eu sou o Costa de Ovar!!! Lembra (mando foto, estou ao volante e outra mais actual, só pra ver se há difereças, risos) Foi preciso passar mais de 30 anos para vos localizar, porra!! Tenho procurado a equipa de Tms por tudo o que é jornais e revistas inclusivamente "O Combatente" da Liga e... nada. Um dos nossos "Leandro Guedes" viu o meu anúncio perdido aí pela net, e logo me escreveu a dar-me a conhecer o seu Blog. Precisamente no dia em que fez 41 anos que saímos de Lisboa (8-4-1967) Coicidência não? Já contactei o Pica Sinos e o Justo que grande alegria me deram e, saber deles.

Eu, há uns anos atrás de passagem por Viana, perguntei ali pela "Baixa" em tres cafés se o conheciam, mas nada consegui. Um dia passei e parei na Casa Peixoto (penso que é assim que se chama) ligada a Materias de Construção, mas nada. Mas agora vai ser mais fácil. Segundo fui informado vai haver um almoço em 17 de Maio e vou lá estar.

Queria enviar-lhe um abraço bem forte e sempre que queira escreva-me

Zé Costa

Justo disse...

Zé Costa, já estás na lista negra...mais um companheiro para alegrar o Blog.Gostei de ver estas fotos de antanho, e tanto pessoal das tms de quem não tinha fotos, mas que agora recordo as caras. O Silva que está contigo no cent. msgs era um pinta, lembra-me que ele era mesmo bom com a G3.Cheguei a dar uns tirassos com ele na carreira de tiro ao fundo da pista de aviação.Acreditem que por momentos me sinto como se ainda estivesse a viver aquele tempo, e ao ir vendo as fotos ainda maior é essa sensação, até parece que vou beber uma bazzoka ao "branco" !!...e já lá vão 41 anos !!!